O término da colheita das culturas da segunda safra,
em especial o milho, impactou os preços do frete de grãos. De acordo com o
Boletim Logístico divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
nesta segunda-feira (29), os estados produtores de milho na segunda safra, como
Mato Grosso, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul, registraram queda nas cotações
de serviços de transporte de grãos na maioria das rotas analisadas em agosto.
O superintendente de Logística Operacional da Conab,
Thomé Guth, explicou que a produção recorde de milho na temporada 2024/25
aumentou a necessidade de escoamento célere da safra, o que refletiu nos preços
do frete rodoviário. Em julho, os preços atingiram o pico, mas, apesar da queda
em muitas rotas estaduais em agosto, o valor médio dos fretes ainda se mantém
superior ao registrado no mesmo período da safra passada. O cenário de
aquecimento logístico, que persiste, é explicado pela elevada oferta de grãos e
pela demanda dinâmica, tanto interna quanto externa, principalmente nas áreas
de alimentação animal e bioenergia.
No Maranhão, por exemplo, as cotações para remoção de
grãos caíram, enquanto no Piauí, o mercado se manteve estável em agosto, com
uma demanda regular, embora menos aquecida em relação aos meses anteriores. A
redução no escoamento de milho foi o principal fator para a estabilidade dos
preços praticados no estado.
Na Bahia, os preços dos fretes apresentaram uma variação
mista. Houve estabilidade e alta dependendo da região produtora de grãos e da
rota de transporte. A demanda de transporte de grãos e fibra foi o principal
fator responsável pelo aumento nos valores de frete em Luís Eduardo Magalhães.
No
Distrito Federal, as cotações de frete sofreram aumento generalizado em agosto.
As rotas com destino a Imbituba (Santa Catarina), Uberaba e Araguari (Minas
Gerais) e Guarujá (São Paulo) apresentaram variações positivas entre 10% e 12%.
Exportações de milho e soja
Em relação às exportações, o mês de agosto registrou um aumento significativo nos embarques de milho. Foram exportadas 17,9 milhões de toneladas do grão, contra 15,7 milhões no mesmo período de 2024. O Porto do Arco Norte segue como o principal eixo de escoamento do milho, representando 39,8% do volume embarcado. O Porto de Santos foi o segundo maior, com 29,6%, seguido pelo Porto de São Francisco do Sul, com 11,6%. O Porto de Paranaguá e o Porto de Rio Grande representaram, respectivamente, 11,4% e 5% dos embarques de milho para o mercado externo.
As exportações de soja também apresentaram crescimento
no período de janeiro a agosto de 2025, com 86,5 milhões de toneladas enviadas
ao exterior, em comparação com 83,4 milhões no ano anterior. O Porto do Arco
Norte respondeu por 37,5% das exportações, enquanto Santos foi responsável por
34,2%. O Porto de Paranaguá escoou 12,9% da soja exportada, e São Francisco do
Sul 5,2%, uma ligeira redução em relação a 6,5% no ano passado.
Conclusão
O cenário de aumento na produção de grãos e a
consequente demanda por serviços de transporte continuam a influenciar os
preços do frete no Brasil. Embora tenha havido uma queda nas cotações em agosto
em várias rotas, a perspectiva é de que os preços permaneçam aquecidos, devido
ao fluxo contínuo de grãos para exportação e à movimentação interna do mercado.