
O réu Wendel dos Santos Silva, 38, foi condenado pelo
Tribunal do Júri a 31 anos e seis meses de reclusão pelos crimes de feminicídio
em contexto de violência doméstica, cometido contra sua noiva, Lediane Ferro da
Silva, 43, no dia 15 de abril de 2023. Além disso, ele foi condenado a pagar R$
150 mil em indenização por danos morais à família da vítima. A sentença foi
proferida pelo juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, após
cerca de 6 horas de julgamento.
A condenação do réu terá início de
cumprimento imediato e em regime fechado.
Ao longo da sessão de julgamento, foram ouvidos o
filho da vítima, a filha do réu, uma amiga da vítima e um invetigador da
Polícia Civil, sendo os três primeiros na condição de informante e o último na
condição de testemunha. O réu também prestou depoimento.
A promotora de justiça Andreia Monte Alegre Bezerra de
Menezes fez a acusação do réu, classificando-o, por diversas vezes, como
"feminicida covarde" e reforçando que "uma imagem vale mais do
que mil palavras", ao começar e encerrar sua sustentação com o vídeo que
mostra o momento em que Wendel esfaqueia a vítima, na cozinha da casa dela,
após uma discussão entre o casal.
Já a advogada Tatiane Ferreira argumentou que a
qualificadora do motivo torpe deve ser afastada, uma vez que o ciúme alegado
pela acusação não poderia ser considerado dessa forma.
Por fim, o Conselho de Sentença considerou todas as
três qualficadoras apresentadas pela acusação.
Ao final da sessão, o juiz João Zibordi Lara destacou
que o Poder Judiciário entregou à sociedade aquilo que é determinado pela
Constituição. "Todos os direitos e deveres de todas as partes foram
devidamente resguardados, exercendo o nosso papel. E conseguimos em tempo
também cumprir a determinação do CNJ porque conseguimos em menos de 2 anos, em
1 ano e 5 meses, fazer esse julgamento"
A promotora de justiça Andreia Monte Alegre Bezerra de
Menezes disse que sai satisfeita do julgamento. "O Ministério Público
entende que de fato a justiça foi realizada, que fica um recado pra soeciedade
de Peixoto de Azevedo, pra Mato Grosso e pro Brasil de que nós não vamos
aceitar crimes de feminicídio ou qualquer violência doméstica contra a
mulher".
A irmã de Lediane, Osmilda Albuquerque, declarou seu
agradecimeento à Justiça divida e terrena que foi realizada. "Eu agradeço
a Deus e à Justiça aqui da terra que foi feita, agradeço muito à promotora. As
palavras dela foram dando um alívio, apesar de que a gente sofreu muito vendo
aquelas imagens, foi muito difícil, meu coração está a mil, não foi fácil estar
aqui, mas, agradecemos a Deus pela força que nos deu de estar aqui. É claro que
a gente queria que ele pegasse mais, mas a gente sabe que com esses 31 anos e
seis meses, ele vai sair com 70 anos da cadeia, então já está bom",
afirma.
Osmilda ainda defendeu a honra de Lediane, que foi
desqualificada pelo réu ao longo de seu depoimento. "A minha irmã, vocês
podem perguntar para quem conhece ela em Peixoto, era uma pessoa bondosa! Não é
porque ela morreu ou porque é minha irmã. Lediane Ferro da Silva era uma pessoa
maravilhosa!", assevera, em tom de revolta.